SQ#01: Feliz em anunciar que fui demitido!
Você é um número em uma planilha. Eu estive lá. É justo? Talvez não. É verdade? 100%. Lay off é a “Black Friday” do mundo corporativo!
A verdade mesmo é que doeu. Na hora. E ai, passados alguns dias de tentativa de negação, você percebe que tem outro trabalho já: cuidar da sua vida. Deveria ser um side job isso, mas às vezes focamos somente no trabalho que é remunerado diretamente e nos deixamos de lado, ou para depois.
Você começa nesse novo trabalho e é um onboarding confuso, como todos são. Primeiros dias e você não sabe bem se vai dar conta, não entende os rituais dessa “nova empresa”, não é um lugar que você se sente 100% confortável. Mudou tudo.
As reflexões vêm a galope. É aquela sensação de quando você foi numa festa com som muito alto, uma balada, e depois volta pra casa no silêncio, coloca a cabeça no travesseiro para dormir e ouve aquela “ausência de barulho” que parece um zumbido. Você para e só ai percebe onde tinha se metido (eu sabia, mas não com 100% de clareza). Caramba, o que eu estava fazendo comigo? Faz(ia) sentido?
Estaria eu no automático, tocando a vida sem pensar, no efeito manada? Por que será que eu tinha vontade de falar pra algumas pessoas que tava feliz, tinha orgulho da empresa, num lugar que não me fazia bem? Será que é porque muita gente (minha suposição), principalmente meu “eu de uns anos atrás”, gostaria de estar no meu lugar e isso seria uma “blasfêmia” (dizer que era um troço ruim)?
A real é que todos nós, de alguma forma ou outra, vivemos pensando no que o outro, ou a sociedade, ou nosso próprio “eu do passado” com base em alguma crença limitadora que nos colocaram na cabeça, espera de nós. Como o outro, ou eu mesmo, me julgaria nesta situação?
Sabe quanto tempo uma pessoa, em média, passa trabalhando na vida? 90.000 horas. Eu não quero gastar minhas 90.000 de qualquer jeito - e imagino que você também não. Quero que valha a pena! Mas e ai, o que fazer? Parece um dilema sem saída: preciso pagar as contas, então tudo bem vender todo meu tempo de qualquer maneira?
Muitas vezes, temos a impressão de que o tempo é infinito, e dai rola o “vou ralar agora e depois vou aproveitar”, “quando eu aposentar, terei X, Y e Z conquistas e dai vou gozar muito de tudo isso”. A felicidade não é algo que tá “lá na frente”, um ponto de chegada. Ela está no caminho, na jornada. Se estivermos atentos e no presente, dá para deixar isso bem melhor do que está.
LIÇÕES QUE APRENDI NESTES 50 DIAS PÓS LAY OFF:
Perder algo como o seu emprego é um luto. Pode durar pouco ou muito, mas é uma perda. E seu ego vai se machucar, sim. Acolha-se, espere, vai ficar tudo incrível depois. Connecting the Dots é meu lema, sempre foi.
Estou curtindo os domingos agora! Se seu domingo a noite te deixa ansioso, nervoso, tem algo errado - perceba antes que seja forçado a perceber como eu.
Não vale a pena colocar sua saúde em risco por um salário. Precisamos trabalhar, mas não reféns de “escolhas” ou “status". Podemos ser mais livres e fazermos coisas com mais prazer e propósito.
Clichê total, mas fazer exercícios físicos regularmente é o que muda tudo: seu humor, seu bem estar, sua clareza mental. Aliás, a medicina mais antiga do mundo, a Ayurvédica, é muito precisa e objetiva: para melhorar a qualidade da sua vida, há 4 fatores - (i) sono, (ii) alimentação, (iii) exercício físico e (iv) silêncio para acalmar a mente. Não tem nada de complicado ai, a gente que se perde no dia a dia e não cria bons hábitos.
As habilidades para o mundo corporativo mudam drasticamente depois da posição de diretor. Ai é um outro jogo. Um jogo mesmo, com outras regras. Seres humanos mais amedrontados, e empoderados ao mesmo tempo, fazem coisas inesperadas para continuarem subindo o estreito funil da escada corporativa.
Quando se tira o peso e a pressão de dias e dias sendo atropelado em reuniões e “cotoveladas”, sua essência aparece. Fiquei mais criativo, mais bem humorado, mais leve.
O que mais faz valer a pena no final é o como você fez a jornada. Suas entregas são um detalhe. Recebi inúmeras mensagens com uma coisa em comum: “você é muito humano". Todos somos eu achava. Foi bem emocionante receber todas as reações e mensagens, principalmente do meu time. Gratificante demais ter deixado um legado neste sentido e ajudado, de alguma forma, o caminho e carreira das pessoas que trabalharam comigo.
WHAT IS NEXT?
Um sábio persa há 800 anos disse “quando se começa a caminhar, o caminho aparece".
Há uns 6 meses atrás, depois de ouvir alguns feedbacks de amigos próximos, eu decidi pensar em maneiras de ser remunerado por um hobby meu: fotografia e videografia. Quem me conhece sabe o quanto gosto disso, e quantos finais de semana saio com meu drone por ai para filmar prédios aleatórios e criar vídeos abstratos.
Acionei alguns contatos e comecei a oferecer fazer alguns vídeos de forma gratuita, como “degustação”. Fiz alguns nos últimos meses.
Um dia antes de ser demitido, recebo uma ligação de um dos maiores bancos de investimentos do mundo (não vai me quebrar agora, heim!) para participar de uma licitação para fazer vídeos dos seus ativos imobiliários (escritórios e galpões logísticos dos fundos de investimento). Nesta semana, enquanto escrevo este post, acabo de fechar negócio com eles oficialmente e farei este trabalho pelos próximos meses. O que eu fazia de graça, agora sendo remunerado. E assim surgiu a Limbic. Virei videomaker? Por enquanto, sim. Vou aproveitar a jornada e me divertir trabalhando, sem perceber que é trabalho.
STATUS QUÊ?
Agora que tenho mais tempo que o habitual no mundo corporativo, onde era drenado e comandado pela “minha” agenda do Google Meets, vou escrever por aqui e compartilhar algumas provocações para questionarmos o Status Quo (Status Quê?), entendermos porque ficamos no automático e repensarmos nossas escolhas (nossas?).
Vamos juntos aprender? Vai ser uma jornada incrível, e com muitas trocas!
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Um abraço e por hoje é só!
Marcel